Neste dia 11 de fevereiro, a Igreja celebra o Dia de Nossa Senhora de Lourdes, quando, então, se faz memória litúrgica da primeira de suas 18 aparições à menina Santa Bernadete Soubirous.
A Virgem Maria, ao aparecer em Lourdes, mostrou o poder de Deus, que desconcerta os homens, ao escolher os fracos para confundir os poderosos. Maria mesma proclama no Magnificat:
“Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos, e despediu, sem nada, os ricos” (Lc 1, 51-53).
Toda vaidade, orgulho e presunção cedem diante dos acontecimentos ocorridos em Lourdes. Pois a Mãe de Deus fala à Humanidade de maneira simples e torna conhecido o desejo de Deus através de uma menina analfabeta, paupérrima e fisicamente frágil, porque muito doente; sofria de uma grave asma, talvez agravada por ter que morar num calabouço desativado pelas autoridades locais, por causa das condições insalubres para os presidiários da época. Mas este era o único lugar que restava para moradia à família Soubirous, que sequer tinha condições de pagar por uma moradia com as mínimas condições de habitação.
São com palavras doces que Santa Bernadette relata os seus 18 encontros com Maria:
1ª APARIÇÃO (11 DE FEVEREIRO)
Bernadette relata que neste dia frio de inverno, acompanhada de sua irmã e mais uma companheira, saiu ao bosque para buscar lenha, a fim de vendê-la, e com o dinheiro comprar pão. Até que chegaram diante da Gruta de Massabielle. Suas companheiras atravessaram para o outro lado do Rio Gave, que passa em frente à Gruta, mas ela ficou, pois buscava um caminho em que não tivesse contato com a água gelada. Quando começou a se descalçar para atravessar o rio, ela diz ter escutado um barulho de vento uivante, olhou para as copas das árvores, mas não viu a folhagem ser agitada. Voltou seu olhar para a gruta, viu surgir uma luz brilhante e, a partir dela, uma jovem moça. Este primeiro momento é repleto de simbolismos. Como Moisés, Bernadette também tira os calçados naquele lugar santo. Assim como a sarça ardente não era consumida pelo fogo, o vento não agitava as árvores daquele lugar. O forte barulho de vento e o sopro que Bernadette ouve e sente fazem recordar o evento neotestamentário de Pentecostes. De fato, o Espírito sopra onde quer. E quis soprar naquela gruta frequentada por porcos, onde a cidade despejava o seu lixo orgânico. E exatamente porque o Espírito onde sopra tudo muda, a Gruta de Massabielle se tornou um dos maiores e principais santuários do mundo cristão. Diante da aparição, Bernadette, cheia de medo, diz ter pegado o rosário que carregava consigo no bolso do vestido e começado a rezar com aquela belíssima senhora, que desfiava o rosário, porém sem mexer os lábios e nada lhe dizer. Mexia os lábios apenas nas orações do Pai Nosso e do Glória ao Pai, ao Filho e do Espírito Santo. A vidente relata que tentou fazer o sinal da cruz, mas o medo era tanto que não conseguia elevar a mão até a cabeça. Porém, a jovem moça com um sorriso nos lábios lhe fez um gesto convidativo para fazer o sinal da cruz, ensinando-lhe a maneira correta de se persignar. A partir daí, Bernadette nunca mais fez o sinal da cruz da mesma forma. Dizem que era impressionantemente comovente como a santa vidente fazia o sinal da cruz diante das pessoas. Segundo seu relato, a aparição trajava um vestido branco, deixando apenas os pés de fora e cada um deles trazia uma rosa dourada nas pontas. Sobre a cabeça havia um véu também branco que se estendia rente ao chão. Na cintura, uma faixa na cor azul celestial e portava nas mãos um rosário.
2ª APARIÇÃO (14 DE FEVEREIRO)
Bernadette retorna à Gruta de Massabielle acompanhada por algumas amigas. Haviam lhe orientado a levar consigo água benta e quando a moça da aparição surgiu, a menina exclamou ao jogar-lhe água benta: “Se vindes da parte de Deus, permanecei, mas se vindes da parte do demônio, afastai”. A aparição sorriu e, em gesto acolhedor, meio que se inclinou para acolher a água aspergida. Novamente, a moça da aparição acompanhou Bernadette na reza do terço, desaparecendo sem nada lhe dizer.
3ª APARIÇÃO (18 DE FEVEREIRO)
Bernadette, por sugestão de suas amigas, nesta nova aparição apresentou à moça, papel, tinta e pena, pedindo-lhe que escrevesse seu nome. Com um ar de grande serenidade e com um sorriso no rosto, a moça falou-lhe pela primeira vez: “O que eu vou dizer não é necessário escrever. Você quer fazer o favor de vir aqui durante 15 dias?”. Antes de desaparecer, ainda disse à pequena Soubirous: “Não prometo fazê-la feliz neste mundo, mas no outro”.
4ª APARIÇÃO (19 DE FEVEREIRO)
Durante esta aparição, algo estranho aconteceu. Enquanto Bernadette rezava, ouviu vozes estranhas que pareciam vir do Rio Gave, que passa defronte à gruta. Diziam as vozes: “foge, salva-te”. A moça da aparição olhou com ar enérgico para o rio e a voz imediatamente se calou.
5ª APARIÇÃO (20 DE FEVEREIRO)
Esta quinta aparição ficou marcada por uma oração secreta que a moça ensinou à Bernadette, que a rezou até o fim de sua vida, mas que a ninguém nunca foi revelada.
6ª APARIÇÃO (21 DE FEVEREIRO)
Pela primeira vez, a aparição mostrou um semblante triste. E desta vez começou a pedir pelos pecadores. Assim dizia: “Rogai a Deus pelos pecadores, pelo mundo tão agitado”.
7ª APARIÇÃO (23 DE FEVEREIRO)
No dia anterior, ou seja, dia 22, a moça não apareceu, para frustração de Bernadette. Mas nesta sétima aparição, em 23 de fevereiro, ela confiou à vidente três segredos que não deveriam ser revelados nem ao seu confessor.
8ª APARIÇÃO (24 DE FEVEREIRO)
Nesta aparição a moça disse para Bernadette qual o remédio para os pecados: “Penitência, penitência, penitência!”
9ª APARIÇÃO (25 DE FEVEREIRO)
Quanto a este dia, Bernadette relata: “Enquanto eu estava em oração, a moça me
disse para ir beber e me lavar na fonte. Como eu não sabia onde era essa fonte,
fui me dirigindo ao Gave. A moça me chamou a atenção e me mandou para mais
próximo da gruta, do lado esquerdo. Eu obedeci, mas ali não havia água. Comecei
a cavar a terra com as mãos , a água brotou, eu bebi e me lavei”. Este foi um sinal de
penitência. A água brotou lamacenta. Era uma lama rala que Bernadette passou no
rosto e nos braços. Bernadette tentou beber da água uma primeira e uma segunda
vez, mas não conseguiu, porque muito lamacenta. Somente na terceira tentativa a
água tinha aspecto suportável. Três também são as pessoas da Santíssima Trindade,
de cuja vida todo cristão toma parte a partir do Sacramento do Batismo. Mais tarde,
Bernadette dirá que a água é antes de tudo memória do nosso batismo, cujos valores
é preciso recobrar.
10ª APARIÇÃO (26 DE FEVEREIRO)
A aparição indicou nova penitência, mandando Bernadette beijar a terra pelos pecadores.
11ª APARIÇÃO (27 DE FEVEREIRO)
A moça pediu a construção de uma capela: “Vá dizer aos padres para construírem aqui uma capela”. Bernadette obedeceu, mas o pároco de Lourdes, Pe. Peyramale, só queria saber do nome da aparição, caso contrário não poderia lhe dar crédito algum.
12ª APARIÇÃO (1º DE MARÇO)
Bernadette convidou o povo a acompanhá-la na oração do terço.
13ª APARIÇÃO (2 DE MARÇO)
Disse-lhe a moça: “Quero que aqui muitos venham em procissão”.
14ª APARIÇÃO (3 DE MARÇO)
No horário de costume, a visão não apareceu. Mas, Bernadette, voltando mais tarde, viu a moça que lhe disse: “Não apareci-lhe nesta manhã porque havia pessoas que desejavam ver sua atitude diante de mim. Eram indignas, passaram a noite na gruta e profanaram-na.
15ª APARIÇÃO (4 DE MARÇO)
Último dia da quinzena. Uma multidão acompanhou Bernadette, esperando conhecer o nome da visão. Este encontro da menina com a aparição é longo, mas ela nada lhe disse, para decepção de todos os presentes.
16ª APARIÇÃO (25 DE MARÇO)
Motivada por um impulso interior, Bernadette se dirigiu à gruta e ao ver a moça perguntou-lhe novamente seu nome. A visão disse em dialeto da região: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Bernadette, uma menina semianalfabeta e com catequese muito rudimentar, não sabia o significado destas palavras. Correu em disparada até a igreja paroquial, repetindo aquelas palavras a fim de não esquecê-las. Quando chegou diante do pároco, Pe. Peyramale, repetiu conforme havia ouvido. O pároco ficou surpreso, pensando que a menina se referia a si própria, mas ela esclareceu que foram com tais palavras que a aparição se apresentou.
17ª APARIÇÃO (7 DE ABRIL)
Durante esta aparição, a chama da vela que Bernadette segurava se consumiu por inteira em cerca de 15 minutos. Um médico presente observou o fato, após o qual constatou que a mão não apresentava nenhum sinal de queimadura e que a menina nada sentia.
18ª APARIÇÃO (16 DE JULHO)
A despeito das proibições das autoridades locais, que tinham cercado a gruta com tapumes e permanecia vigiada por policiais, Bernadette foi à gruta, atravessou o Gave e do outro lado do rio, sobre uma rocha, viu a Imaculada Conceição pela última vez. Depois, relatou a vidente: “Ela me apareceu no lugar de costume. Nunca a vi tão bela. O meu único desejo é revê-la no Céu.